Desde 2004, os empreendimentos levam a ABNT NBR 9050 em consideração na hora de construir ou reformar ambientes abertos ao público. Isso é ainda mais importante quando tratamos da área da saúde, com hospitais e unidades básicas.
Confira o artigo completo com a gente!
Entenda como funciona a acessibilidade para deficientes no caminho à unidade de saúde
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência. Isso significa que 25% da população precisa de acessibilidade. Portanto, o acesso à saúde começa antes de chegar às unidades básicas de atendimento. É necessário pensar desde a vaga do estacionamento, aos banheiros e demais ambientes onde há circulação de pessoas.
Quando o assunto são os arredores da unidade de saúde, a recomendação é que seja criada uma rota acessível junto ao Departamento de Trânsito da cidade, para que haja facilidade no acesso ao local.
Também é essencial instalar semáforos com avisos sonoros, ao invés de apenas visuais. Com isso, a acessibilidade para pessoas com deficiência se torna ainda mais abrangente.
Outro detalhe importante é a adaptação de pelo menos um acesso ao transporte público. Pode ser uma rampa ou elevador de acesso até a plataforma onde passa o transporte coletivo. Já para as pessoas portadoras de deficiência que vem de carro, são necessárias vagas exclusivas para deficientes e idosos.
Pense em rotas acessíveis para todos
É importante pensar em rotas acessíveis para deficientes visuais e físicos. Ao entrar na unidade de saúde, é importante pensar nos desníveis. Eles devem ser vencidos com rampas ou com elevadores de acessibilidade, soluções mais seguras e modernas para as pessoas com deficiência e que precisam de cadeiras de rodas.
Promova a acessibilidade dentro da unidade de saúde
Dentro da unidade de saúde, as portas devem conter vão livre de pelo menos 0,80m, espaço suficiente para que cadeirantes e pessoas portadoras de outras deficiências consigam manuseá-las. A altura mínima é de 2,10m. Isso vale tanto para portas de acesso quanto para elevadores.
Na parte inferior é recomendado que essas portas possuam guardas inferiores e nos batentes para absorver o impacto de bengala, cadeiras de rodas e andadores. Acionamentos manuais devem estar a 0,90 m ou 1,10 m do piso acabado no mínimo.
Instale corrimãos nas escadas
As escadas no interior da unidade de saúde devem conter corrimãos nos dois lados, sempre que for possível instalar. Eles precisam estar a duas alturas, 0.92 m e 0,70 m do piso, medidos na face superior dos corrimãos. A largura deve ser de 3,5 a 4 centímetros, sendo feitos preferencialmente sem arestas vivas para não machucar os usuários.
Todos os degraus devem possuir sinalização tátil nas extremidades para evitar acidentes. A sinalização deve ser em cores contrastantes com o piso e possuírem largura entre 0,25m e 0,60m.
Dê atenção aos sanitários das unidades de saúde
Como todos os sanitários em espaços públicos, os da unidade de saúde também precisam estar adaptados. É feita uma cabine para cada gênero, sendo que precisam conter barras de apoio, sanitário adaptado e porta para separar o resto do ambiente da própria cabine.
Além disso, essas são apenas algumas recomendações, um compilado de informações de várias leis, normas técnicas e estatutos. Você consegue conferir o documento base, criado pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
Ofereça informações para as pessoas com deficiência
A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência é uma das ferramentas adotadas pelo poder público. Ela diz respeito à reabilitação da pessoa com deficiência na capacidade funcional e no desempenho humano. Por isso, o Ministério da Saúde desenvolveu uma cartilha chamada “A Pessoa com Deficiência e o SUS”, na qual há um conjunto de informações necessárias para que os deficientes compreendam os direitos no setor de saúde.
Acessibilidade para deficientes, ou melhor dizendo, pessoas com deficiência, está em atos sutis. O propósito imaginado como ideal, na verdade, está longe do conceito de adaptação.
O caminho que a arquitetura acessível vem seguindo passa longe de ações para adaptar espaços inadequados: ela procura garantir que todos os acessos possam ser vencidos por todas as pessoas.
Esse é o conceito do Desenho Universal, que vamos explorar com mais profundidade neste artigo. Não deve haver a necessidade de adaptar nada, pois os espaços foram feitos pensando em todas as pessoas.
Vamos com a gente entender um pouco mais sobre como o desenho universal se encaixa na acessibilidade para deficientes? Então continue a leitura!
O desenho universal foi concebido pensando na acessibilidade para deficientes?
Esse é um mal entendido muito comum, mas que ainda gera discussão nos círculos de acessibilidade para deficientes pelo Brasil. O Desenho Universal está buscando facilitar a vida de todas as pessoas, não só a das portadoras de deficiência.
Quando pensamos em acessibilidade para deficientes, nossa mente nos leva diretamente para os usos mais corriqueiros de equipamentos para adaptação: rampas de alvenaria ao lado de escadas, elevadores de acessibilidade, rampas portáteis para vencer desníveis, etc.
O Desenho Universal pode até envolver alguns desses equipamentos, mas nunca para mitigar problemas conhecidos. Na verdade, ele existe para que não haja problemas de mobilidade em primeiro lugar.
O Desenho Universal, como seu nome diz, é para que todas as pessoas consigam desfrutar do espaço sem que seja necessário instalar nada ou adaptações futuras. A estrutura já vem pronta.
E outra coisa importante: mesmo que o Desenho Universal beneficie a acessibilidade para deficientes, ele não foi criado exclusivamente para isso. Na verdade, todas as pessoas podem se beneficiar do Desenho Universal quando ele é bem estruturado, com mobilidade reduzida ou não, com ou sem desafios motores, etc.
Como o Desenho Universal funciona?
O termo foi criado pelo americano Ron Mace, ele próprio é um cadeirante e que enfrentava dificuldades de locomoção pelos espaços que frequentava.
Sua empatia é admirável: ao perceber como ele próprio possuía dificuldades de locomoção, questionou quantas outras pessoas não passavam pela mesma situação. Crianças, idosos, grávidas, pessoas com muletas, a lista é interminável.
Foi aí que surgiu a ideia do Desenho Universal e um coletivo de arquitetos que pensavam o mesmo, lá em 1987.
O funcionamento desse modelo é simples e se baseia em sete princípios. Vamos conhecê-lo?
O Desenho Universal é igualitário: não só o espaço, mas equipamentos simples – como maçanetas, torneiras, interruptores, etc. – precisam ser de fácil acesso para todas as pessoas;
O Desenho Universal é adaptável: o que serve para uma pessoa que se adapta com facilidade para outra;
O Desenho Universal é óbvio: assim como nós sabemos como girar uma maçaneta sem precisar pensar muito, os equipamentos universalmente acessíveis também precisam ser intuitivos;
O Desenho Universal é conhecido: informações sobre o uso de equipamentos, ou a própria transmissão de informações, são universalmente acessíveis;
O Desenho Universal é seguro: eventuais erros na utilização de algum recurso não geram riscos para a saúde e integridade de ninguém;
O Desenho Universal não requer esforço: seus recursos devem ser simples de operar;
O Desenho Universal é abrangente: qualquer pessoa de qualquer tamanho ou com variadas limitações tem plenas capacidades de interagir com qualquer estrutura ou recurso – esse princípio trata principalmente das dimensões estruturais.
Exemplos de equipamentos do Desenho Universal
Em algumas leis que regulam a acessibilidade para deficientes, algumas recomendações são feitas em questões como as dimensões de um ambiente e os produtos utilizados na sua construção. Mas nenhuma vai tão fundo quanto o conceito do Desenho Universal.
Essas leis, por exemplo, não estão tão interessadas assim no puxador de uma gaveta da mesa de um escritório, por exemplo. O Desenho Universal já apresenta modelos democráticos para que todos consigam puxá-la, até pessoas sem uma das mãos, por exemplo.
O Desenho Universal está em grandes recursos – como nas rampas em entradas principais ao invés de escadas – e também nos pequenos. Vamos pensar nessa mesma pessoa para quem o puxador de mesa universal é extremamente útil: será que uma maçaneta redonda, no modelo padrão, é o mais adequado para ela?
O mesmo vale para interruptores, pias e outros recursos mais voltados para o micro. Em tudo o Desenho Universal está presente, e a todo o tempo ele busca tornar a acessibilidade para deficientes indistinguível da maneira com que a estrutura se apresenta.
Esses são apenas alguns exemplos, pois para verdadeiramente trabalhar a acessibilidade para deficientes através do Desenho Universal, cada estrutura se beneficia de uma avaliação 360. Arquitetos preparados para aplicar o conceito possuem um olhar clínico, que sempre se questiona sobre a usabilidade dos materiais aplicados.
O Desenho Universal, infelizmente, não é tão aplicado no mundo, e no Brasil então… estamos engatinhando e lentamente descobrindo suas possibilidades. É um assunto complexo, mas prazeroso de se entender, e um que precisa ser buscado por arquitetos, projetistas e engenheiros o quanto antes.